Blog of the jealous Lovers

De acordo com Rimbaud, que vogal voce eh?
  Será lançado, no Brasil, esta semana uma adaptação para os quadrinhos do primeiro volume da obra de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, " No caminho de Swann", pela editora Jorge Zahar. Não se trata de trocar o livro pelos quadrinhos (ilustrados por Heuet), o que seria até mesmo ingênuo. Mas quadrinhos são o máximo, seria um plus ao modo de compreender e enxergar a obra, além de diversão das melhores. E não resta dúvida de que será, já que os traços dos desenhos seguirão os do belga Hergé, criador de TinTin, o qual, não poderia deixar de dizer, é meu HQ e desenho animado favoritos. A adaptação dos sete volumes que compõe a obra está prevista para terminar somente em 2020. Pretende-se recriar, em imagens, cenas clássicas como, por exemplo, a das madalenas. As madalenas são tão ou mais comuns na França que o nosso pãozinho francês aqui no Brasil, vendidas em qualquer esquina, mercadinho e estação de metrô. Na narrativa proustiana, entretando, o vulgar adquire dimensão enorme e sagrada. Vou tentar um desses Hq's o mais rápido possível, quem sabe ainda esta semana!!! 
  Amarelo, cor de sol, do livro Magma, de Guimarães Rosa:


"Amarelo

Kuang-Ling,
pintor chinês de máscara de cera,
feliz de ópio, e ébrio de dragões,
molha o pincel na água de ocre
do Huang-Ho,
e, entre lanternas de seda,
pinta e repinta,
durante trinta anos,
sulfúreos e asiáticos girassóis,
na incrível porcelana
de um jarrão
dos Ming..."
 
  Delicioso o filme "O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante", de Peter Greenaway. A história se desenrola quase que inteiramente em um restaurante, permeada por inúmeros cardápios, sabores, mas o grande deleite fica para os olhos. Todo o figurino (de Jean Paul Gaultier) e objetos acompanham a cor de cada cena. A melhor de todas elas, uma em que a Esposa, vestida toda em verde, encontra-se na cozinha, permeada de luzes e panos esverdeados, com o Amante, escondida de seu marido (o Ladrão), um glutão nojento, enquanto o cozinheiro pica apressadamente pepinos, verduras... 
  CIUME e Não CIUME- por vinícius de moraes "Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.

Seu mais doce desejo se amargura
Todo instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do prório ciumento.
..." - de "Soneto de Carnaval"


"Nas tardes da fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.
(...)
Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme" - de "Soneto da Intimidade"  
  Acabo de descobrir que esta semana está acontecenco, em NY, um festival gastronômico de cozinha brasileira, no restaurante Cocco Pazzo. Tal evento tem por objetivo livrar a cozinha brasileira do status de "cozinha exótica". É claro que, para mim, não há nada de exótico em nossa própria cozinha ( ex + otico--> fora do que vemos, ou seja, o que não é nosso. Qualquer coisa é exótica para aquele que não a vê frenquentemente). Mas o que vem ao caso é eu sempre pensar como seria se não morasse aqui no Brasil, pois acho algumas comidas estranhas,de fato. Feijão, parece bobeira, mas é um monte de bolinhas marrons boiando num caldo também marrom e, sinceramente, excepcionado coca-cola e chocolate (coca-cola é marrom?), marrom não é uma cor atraente. Abacaxi também, nem sei de onde é o abacaxi, mas é fruta cítrica, logo, é tropical e tem cara de Brasil. Abacaxi, se não visse desde criança, ia achar o rei das frutas exóticas, porque é totalmente esquisito.Pra não falar em nomes de certos pratos, os quais fazem terrorismo com animais, do tipo "frango atropelado", "vaca atolada", etc... Apesar disso tudo, vale lembrar que o brigadeiro é um doce genuinamente brasileiro (criado após a Segunda Guerra em homenagem ao brigadeiro Eduardo Gomes, político e candidato à Presidência) e de um sabor e aspecto maravilhosos!
-->abramidesnickelodeon@hotmail.com, para responder de onde vem o abacaxi e qual é a cor da coca-cola. 
  CIUME- por guimarães rosa " Essa, nhã, refiro, era a mulher de Hérmogenes; que em reserva fechada se tinha, no quarto-do-oratório(...) Diadorim se tinha encaminhado para onde estava a mulher, para ir ouvir o que ela queria que ele ouvisse.(...) Diadorim não vinha, não dava de sair do quarto-do oratório. E, quando foi que veio, não me contou nada. O que disse, comum:-"Ah, ela só chorou mágoas..."Não perguntei passo. Devido que não perguntei logo à primeira, depois foi não ficando bem, para o meu brio, o perguntar. Diadorim se atarantava quieto, nem não era correto o que ele estava fazendo-escondendo fatos. Palavras que vieram a gume a minha boca, foram estas:-Que não gostava de hipocrisias... Pensei, e não disse. Eu podia duvidar das ações de Diadorim?Lá ele alguma criatura para traições? Rosmes! Idéia essa que não aceitei, por plausível nenhum. Mas, de motivo como me desgostei, assim resolvi a saída da gente dali da carimã, no instante mesmo, e dei ordem." de "Grande Sertão: Veredas" 
  Niki de Saint Phalle, francesa, artista plástica. Esculturas (exposta na entrada do Centro Pompidou) hiper divertidas, no melhor estilo nickelodeon, talvez uma viagem aliciana hardcore. Seu site oficial na net é bastante simples, mas já dá boa idéia do satírico de suas obras. Destaque para o mural "Dear Diary", de 1994 ("Desire for control? yes") 
  CIUME- por machado de assis "Venho explicar-te que tive tais ciúmes pelo que podia estar na cabeça da minha mulher, não fora ou acima dela.É sabido que as distrações de uma pessoa podem ser culpadas, metade culpadas, um terço, um quinto, um décimo de culpadas(...)Não é mister pecado efetivo e mortal, papel torcado, simples palavra, aceno, suspiro(...)Um anônimo ou anônima que passe na esquina da rua faz com que metamos Sirus dentro de Marte(...)Foi isso que me fez empalidecer, calar e querer fugir da sala para voltar, Deus sabe quando, provavelmente, dez minutos depois" - de "Dom Casmurro" 
  "Etimologia: jaloux (ciumento), palavra francesa tomada aos trovadores. Do grego zelos- zelosus- jaloux. Em português, a forma plural zelos também quer dizer ciumento (Aurélio)" 
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